domingo, 11 de novembro de 2012

Atenas, Grécia

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Atenas, Grécia

É começo de outono aqui na Europa. Deixei 13 graus em Amsterdã, e 31 me aguardavam em Atenas. Era chegada finalmente a hora de conhecer a Grécia.
Templo de Hefesto, deus das forjarias, do fogo e dos vulcões


Do avião já se vê o mar azul da Grécia. E não é que é azul mesmo? E bota azul nisso. Chega dói. Não me perguntem o porquê; deve ser alguma mistura da química da água com, talvez, o fato de que o céu aqui quase sempre está sem nuvens. Também há poucas algas, e isso interfere. Do avião também se vê muitas montanhas. Que Suíça que nada, é a Grécia o país mais montanhoso da Europa. Embora elas não sejam tão altas quanto os Alpes, aqui há montanhas por quase toda parte, inclusive nas ilhas.

Cheguei em Atenas já de tarde, e minha amiga Krystallenia (o quê, achou que na Grécia o povo se chamava Suéllen e Ricardo?) foi me buscar no aeroporto. Óculos de sol e um copo plástico de café gelado tomado no canudo  a combinação mais comum entre os gregos depois do pão com azeite de oliva. Fomos à casa da família dela nos arredores de Atenas, um apartamento espaçoso com varanda, ar circulando, e sol  tudo o que você não tem em Amsterdã (onde eu moro, para os não-familiarizados). No prédio, todos os moradores são da família. Quatro andares, dois apartamentos por andar, e em cada um deles uma tia, um tio ou um primo. (Inclusive, conheci  como eles dizem em grego  um "tzio" de Krystallenia ex-marujo, piguço, com cara e jeito de personagem da Escolinha do Professor Raimundo, que chegava lá conversando fiado). Conheci também o irmão, Apóstolos (sim, esse é o nome do cara), e os pais. Famílias gregas em geral são bem unidas e fazem aquela fuzarca toda quando tem festa, com primo do primo, parente distante e o escambal. Quanto mais gente melhor. Pra quem não assistiu ao filme Casamento Grego, eu recomendo, pra ter uma dimensão.

No dia que eu cheguei em Atenas tinha acabado de ter um protesto nas ruas, contra as medidas de austeridade por causa da crise do euro. Estava aquele clima legal de que pode ter greve e paralisação geral dos transportes a qualquer momento. Mas apesar de a CNN ter mostrado gente nervosa rasgando bandeira da União Europeia nas ruas, eu não tive problemas.

Em Atenas você se sente como no Brasil. Os gregos são muito parecidos conosco, exceto que os rapazes quase todos usam barba (o que me deixou mais com cara de grego ainda). À noite os bares ficam cheios, com mesinha do lado de fora, e as ruas movimentadas. Se tivessem me dado uma paulada e eu de repente acordasse lá, eu ia achar que estava no Brasil.
Ruas do centro de Atenas à noite.
Bares no centro de Atenas. Alguns turistas, mas também muito grego.

Só que, claro, de repente você vira a esquina e se depara com umas vistas diferentes do que se tem no Brasil...
Ruínas no centro de Atenas.
Vista para a Casa de Árie... digo, para o Partenon, na Acrópole.

A Acrópole, como muitos sabem, é o centro do centro, a parte mais alta da cidade, onde havia os templos e os mercados onde, dizia-se, Sócrates "corrompia" a juventude de Atenas com o hábito de refletir e pensar. No topo estava o Partenon, templo à deusa Atena que dá nome à cidade. Diz a lenda que Atena se tornou padroeira da cidade ao vencer uma competição em que Poseidon, deus dos mares, ofereceu ao povo água salgada e ela a oliveira. As pessoas escolheram a oliveira (o vulgo pé de azeitona), que está por toda parte. Acho que vi oliveira o bastante pra todos os dias anteriores da minha vida que eu passei sem ver.
Imagem da disputa entre Atena e Poseidon. No Museu da Acrópole, em Atenas.
Oliveiras no árido clima da Grécia. Tá passando da hora de alguém descobrir isso e levar pra o semi-árido brasileiro pra sertanejo ganhar dinheiro fabricando azeite.

Conforme se vai subindo, você ganha uma bela vista da cidade. E apesar de o Partenon estar bem arruinado (devido a terremotos e a bombardeios de guerra nos últimos séculos), ainda dá uma ideia.
Vista de Atenas do alto do Partenon. Colinas e casas brancas de lage por toda parte.
Vista de frente do Partenon, templo de Atena no topo da Acrópole, do século V antes de Cristo. Ou seja, essas colunas estão aí de pé há quase 2500 anos.
Vista por dentro do Partenon. Curiosamente, a partir do século V depois de Cristo os gregos o transformaram numa Igreja de Nossa Senhora, que durou mil anos, até a conquista pelos turcos otomanos no século XV, quando eles a transformaram numa mesquita até o século XIX. Ou seja, o Partenon já passou por tudo que é religião.
Construção lateral junto ao Partenon na Acrópole.

Apesar de os turistas sempre irem à Grécia de olho nas ruínas, há mais a se ver e conhecer no país do que isso. Por exemplo, a comida (ok, ok, admito, eu sou suspeito, hehe). Azeite de oliva é usado às toneladas pra temperar arroz, verduras, etc. (São o país que mais consome azeite de oliva no mundo, à frente de Portugal, Itália e Espanha). Por outro lado, esqueça aquela imagem dionisíaca de que grego adora vinho. Pode até gostar, mas a paixão mesmo é raki, um destilado de uva forte como o diacho (mais de 40% de álcool, parecendo cachaça) e que os gregos viram como se fosse água de côco.

Outro também muito comum é o ouzo, que tem gosto de erva-doce, é um pouquinho mais fraco, e é bebido muito como aperitivo. (Horrível).
Lata de azeite de oliva na casa de Krystallenia  do tamanho de uma lata de tinta. Sem brincadeira.
Comidinha caseira. Queijo feta, ali ao ado, e tomate e pimentão vermelho recheados com arroz temperado no azeite de oliva e ervas. Esse sim!

E no mais, os gregos são muito amistosos. Eles inclusive tem a palavra "xenofilia", que é o contrário de xenofobia, ou seja, ser amistoso com estrangeiros, e valorizam isso bastante. Circulando pelas ruas, você facilmente pode começar a puxar papo com vendedor, ficar de lero com garçonete, e essa coisa toda igual se faz no Brasil. Com os mais velhos, sempre têm aquele vovô conversador ou aquela velhinha simpática. Numa dessas que me deparei com Seu Nikolai, um tiozão alopradíssimo, e que de tanta alegria ficava me dando tapa na cara igual em filme italiano.
Seu Nikolai, o vendedor mais aloprado de Atenas.

E assim vai a vida em Atenas. Apesar da crise, os gregos continuam a sair bastante, e a aproveitar uma socialização em volta de uma bela mesa na rua. E pra o turista, é sentar de frente pra as ruínas, ouvir algum fulano na praça ou no restaurante tocando bouzouki (tipo um bandolim), e apreciar uma boa comida - ou raki, se for a sua praia.

No próximo post vocês vão ver a camisa que eu comprei com o Seu Nikolai, hehe, usada na viagem ao Oráculo de Delfos no dia seguinte.
Comes e bebes rodeado de gente na Acrópole de Atenas.
Templo de Hefestos, o mais bem preservado da Acrópole.

Um comentário:

  1. Primeirona a comentar: AMEI! Coligado seus diários de viagem são sempre maravilhosos, mas você sabe da minha paixão pela Grécia e ler seu relato me "azuou" mais ainda para ir lá nas próximas férias. Concluído: ESCREVE MAIS E SEMPRE! Além de nos contar as novidades de ti ainda nos mostra as coisas mais legais para serem feitas nos 4 cantos do mundo que vai visitando :) Beijão, fica com Deus!!!!

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