sábado, 24 de novembro de 2012

Ilha de Creta (Parte 2): Rethymno e almoço em família grega


Vista básica da janela do ônibus na rodovia entre Chania e Rethymno, na Ilha de Creta.

No final daquela mesma manhã em que cheguei a Chania, meu ônibus chegou em Rethymno [RÉ-thymno], uma outra cidade do oeste de Creta a 1h de distância. Lá um almoço em família me aguardava  não a minha própria, mas quem viaja sempre tem muitas famílias.

Rethymno, como muitas cidades gregas, é aquela mistura de asfalto e pedra, aquelas pedras cor de areia que reluzem o sol e doem a vista. O suor já me descia pelas têmporas quando saí da rodoviária (pequena, mas decente) à procura da amiga grega que eu reencontraria e que me albergaria aqui na ilha. 

Depois de uns 10 minutos nós nos encontramos e fomos até o carro. Momento nostalgia: aquele abafo, tão conhecido de nós brasileiros, de quando se deixa o carro estacionado no sol, e aquele papelão de pára-brisa pra a luz não entrar e não esquentar demais. Nunca tinha visto isso na Europa. Mas na Grécia eles fazem, ainda mais em Creta. Pelo menos depois de iniciado o carro vem aquela brisa maravilhosa com a janela aberta, e fomos subindo a verdadeira serra que é a área onde ela mora.
Vista de Rethymno da varanda da casa da minha amiga. Típica casa grega simples, bastante arejada. Foi nessa varanda que almoçamos.

Chegando na casa conheci a família. O irmão não estava, mas conheci o pai, Seu Stéphano, um sujeito simples nos seus 50 anos, bigode, chinelão no pé, parecendo aquele típico cidadão brasileiro que gosta do seu futebolzinho e às vezes de um pileque, a quem a mulher chama a cada 10 minutos e que ouve calado a mulher reclamar.  Já a mãe da minha amiga, o tipo que reclama com o marido a cada 10 minutos. Uma mistura curiosa de dona-de-casa-de-novela-das-sete com personagem perigosa de filme do Cinema em Casa do SBT. Olhava pra você com aquele olhar de que está te investigando, meio emocionalmente instável (às vezes dava uns pitís), e abria aquele sorriso pra complementar. E lá estava eu.

Almoçamos na varanda, a mãe (que falava um pouco de inglês) ocasionalmente me perguntando coisas tipo o que é que os meus pais faziam, etc. Peraê, minha tia, calma.

Na mesa, arroz com espinafre, peixe, salada de tomate, azeite e queijo feta, e tzatziki (se houvesse um Asterix versão asteca, acho que o nome seria esse). Pra quem não conhece o tzatziki, é um molho feito com iogurte de leite de cabra, pepino batido, alho, sal e azeite, e que se usa como se fosse um creme, no lugar de maionese. Recomendo. Esse a tia caprichou no alho. Ou, como disse a minha amiga: "bomba", que é a gíria aqui pra quando a coisa está forte. Na sobremesa, pirão de suco de uva, e iogurte de cabra com compotas caseiras (excelentes! Já o pirão é meio "assim").

Descansado o almoço, fomos circular pela cidade. O centro de Rethymno lembra aquelas cidades de video game tipo Zelda, com as ruelas e becos, as lojinhas, uma fonte aqui e uma fortaleza ali.
Lojinhas nas ruelas do centro de Rethymno.
Antiga fonte no centro de Rethymno. A água é potável. Dizem que, quem dela beber, se casará com um(a) cretense.
Antigo porto de Rethymno, também no centro. Da época dos venezianos (1200-1600).

Nisso esbarramos nuns conhecidos da minha amiga aqui e ali. Saca só como é aqui na Grécia:

 "Aquela ali era minha prima", disse minha amiga.
 "É sobrinha da sua mãe ou do seu pai?", pergunto eu.
 "Não, ela é filha da prima da minha avó"
 ...

A noite ia caindo, e a cidade ficando mais bonita. Mesinhas do lado de fora e gente na rua.
Uma simples rua no labiríntico centro de Rethymno. Charme, hein? (Não confundir Zeneto com Zé Neto, ok?)
Interior de restaurante estilo veneziano em Rethymno. Arcada, chão de pedrinhas, e a bela escadaria. Um pouco acima do meu orçamento no momento, mas valeu a foto.
E como eu disse que Rethymno, como grande parte das cidades gregas, é uma mistura de asfalto e antiguidade, aqui é a orla com bares e palmeiras que dão um tom bem mediterrâneo, quase oriente médio, ao lugar.

Terminamos a noite com alguns drinks com uns amigos. Alguns tiveram certa dificuldade com o meu nome. De Mairon virei "Ryan", e meu sobrenome de "Bastos Lima" virou "Bratislava". Ryan Bratislava, prazer. R&B para os íntimos.

Pra o dia seguinte estávamos com curta viagem marcada ao sul de Creta, ver o mar do outro lado da ilha, com alguns monastérios, montanhas e praia  eu, minha amiga, e a mãe dela.
Lua cheia no antigo porto de Rethymno.

Nenhum comentário:

Postar um comentário