segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Países Árabes, Turquia & Irã

Lembro-me até hoje de quando a minha professora de História, no ensino médio, disse enfaticamente em classe que árabe é quem nasce na Arábia Saudita. À época me pareceu sensato, acostumado eu  como todos os brasileiros  a pensar em nacionalidade como sinônimo de cidadania, o país de onde você é cidadão. Errado. Não são a mesma coisa, mas isso eu só viria a descobrir depois, quando conheci uma certa garota.

Alina era uma moça branca alta, da minha altura, de óculos, cabelo castanho liso nos ombros, e um sorriso sempre animado. Era russa. E minha vizinha.  
 "Eu sou da Letônia", certa vez disse ela quando estávamos conversando em grupo numa festa.
 "Aah, você é letã??", eu intervim surpreso.
 "Não. Eu sou da Letônia, não letã", disse ela com o sorriso de sempre.
A minha cabeça deu um nó. Como era possível ela ser da Letônia e não ser letã? 
 "Eu sou russa, mas nasci na Letônia e tenho passaporte letão", tentou explicar ela, divertindo-se com a confusão nos meus olhos. "Eu nunca morei na Rússia", completou rindo. 

Simples assim: no Brasil, a nossa ideia de nacionalidade vem do falarmos a mesma língua, partilharmos da mesma cultura e história, e isso acontece de coincidir com termos todos a mesma cidadania. No Velho Mundo, não. Na Europa, o que não faltam são minorias de sangue, etnia, língua e cultura X, mas que vivem no país Y, com documentos do país Y. Portanto, nacionalidade X, cidadania Y. Alina tem sangue russo, numa família russa, que fala russo, apesar de sua cidadania e passaporte letões. A Letônia foi parte da antiga União Soviética, e muitos russos foram pra lá e lá ficaram.

No caso dos árabes, eles tinham um enorme império que se estendia da Península Arábica no leste (de onde se originam) até o Marrocos no oeste. Esse império se quebrou em múltiplos países (hoje associados na chamada Liga Árabe), mas partilham todos do mesmo idioma árabe (embora com diferenças regionais), de uma História comum, de laços sanguíneos e, muito importante neste caso, de uma mesma religião (o Islã). Portanto, árabe é uma etnia, uma nacionalidade que não está circunscrita à cidadania saudita. Os marroquinos em geral são árabes, como os argelinos, sírios, libaneses e outros.

Iranianos (persas) e turcos, contudo, não são árabes. Nunca os confunda, ou pode perder um dente. Estes falam línguas distintas e têm origens históricas e culturais distintas, ainda que também sejam majoritariamente muçulmanos. 

Eis aqui neste post, então, todas as minhas andanças até o momento por esta região do mundo, o tão-falado Oriente Médio e o Norte da África. Apesar das diferenças, há sabores em comum, como vocês verão.


Catar (1 post)

Egito
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Irã (10 posts)

Jordânia
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Líbano
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Marrocos (13 posts)

Omã
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Tunísia
Breve nos cinemas

Turquia (12 posts)

As revoluções (e contra-revoluções) após a Primavera Árabe me detiveram um pouco, mas breve pretendo ir conhecer outros. Ainda por visitar: Arábia Saudita, Argélia, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Iraque, Kuwait, Líbia, Palestina, Síria. Afora estes, na região, Israel.


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