domingo, 18 de novembro de 2012

Ilha de Creta (Parte 1): Ferry noturno de Piraeus e amanhecer (com café da manhã) em Chania

Veja uma versão de melhor visualização deste post no novo site, em:
A Ilha de Creta (Parte 1): Chegando a Chania com o ferry noturno de Piraeus

Chegada era a hora de zarpar pelas famosas ilhas gregas. Passadas Atenas e as ruínas do Oráculo de Delfos, minha próxima parada era Creta. Lá no sul da Grécia, ela é a terra mais ao sul em toda a Europa (vejam no mapinha menor, no canto do mapa grande).

De Atenas a Creta é uma noite no navio. Acreditem: primeira vez que eu viajo de navio. Já estava na hora mesmo de incluir esse meio de transporte no meu currículo. Fui ao porto com o pai de Krystallenia (Seu Stavros), que me deu uma carona.
Meu verdadeiro titanic em direção a Creta. Mas esse não afundou.

No navio eu tinha de tudo: bar, boate, cassino, lounge, restaurante... tudo, exceto lugar de dormir. Tive a opção de pagar o dobro da passagem e ter direito a cabine coletiva, mas eu não quis. Depois de dormir em trem indiano e em chão de trem na Indonésia, tudo se torna relativo. De repente qualquer lugar minimamente limpo e seco serve, até o convés, ou debaixo da escada.

Só que debaixo da escada já estava lotado. É lugar nobre, pois dá pra se esconder das luzes, que nunca se apagam. (Nunca imaginou que um cruzeiro pelas ilhas gregas fosse ser essa baixaria assim, hein?). Experimentei o convés, mas o vento forte do mar atrapalha, então acabei achando um canto na lounge room abaixo, onde me deitei junto com muitos outros que estavam na classe econômica como eu.
Lounge room de bar no navio, onde eu dormi.
Esse devia ser brasileiro. Veio mais preparado do que eu, e armou uma rede no convés.
Noite de lua cheia no Porto de Piraeus, de onde parti para Creta.

Não havia amanhecido ainda quando eu cheguei no porto de Chania (pronuncia-se Rânia), na parte oeste de Creta. Tudo ainda escuro, peguei um ônibus do porto para o centro da cidade, como já tinham me avisado que eu deveria fazer. Chegando lá as lojas ainda estavam ensaiando abrir; os primeiros funcionários colocando as cadeiras no lugar, e aquela brisinha matinal de um dia que prometia ser quente (vejam pelo mapa que eu estou quase na Líbia, no norte da África). Eram coisa de 7 da manhã, e me informei sobre como ir dali até o velho porto, que é o centro da cidade antiga. Era hora de mexer as pernas, comer alguma coisa, e tirar umas fotos. Como a comida teria que esperar até as lojas da cidade antiga abrirem, resolvi andar pra conhecer o lugar.

Chania foi por mais de 450 anos um entreposto comercial de Veneza, controlado pela cidade italiana entre 1212 e 1669. Creta, na verdade, tem uma história meio à parte do restante da Grécia, e os cretenses (e não cretinos) são muito orgulhosos dessa identidade própria, traduzida em comidas, festas, e até sobrenomes diferentes - sempre terminados em -aki. Enquanto que a Grécia ficou independente do Império Turco Otomano em 1822, Creta só se libertou 77 anos depois, em 1898, e por dez anos foi um país totalmente independente, até se anexar à Grécia em 1908.
Manhã na enseada do velho porto de Chania, a lua cheia ainda podendo ser vista.

Pelas ruelas da parte antiga se vê os sobrados, e espaço somente pra pedrestres, com os restaurantes começando a colocar as mesas do lado de fora. (E morram de inveja do meu café da manhã).
Idosa nas ruelas de Chania, ao amanhecer.
Primeiros raios de sol nas ruelas antigas de Chania.
Minha parada para o café da manhã.
E voilà! A merecida mesa depois de uma noite no chão do bar do navio. Suco de laranja natural, maçã, omelete, café grego (que não é a mesma coisa do nosso, e que eu vou explicar depois), e um delicioso dakos. Dakos é um pão endurecido à consistência de torrada, mas regado no azeite de oliva, com tomates frescos macerados em cima, queijo feta, ervas e azeitona preta. Hmm!

De barriga cheia, e com um cafezinho que sempre alegra o cidadão, fui ver as lojas que começavam a abrir. Sempre gosto de ver os cartões postais pois eles indicam o que é que eu não posso perder no lugar (embora aqui em Chania fosse basicamente só o porto mesmo). De todo modo eu tinha ainda uma hora antes de pegar o próximo ônibus pra Rethymno, uma outra cidade próxima onde a família de uma outra amiga estava me esperando.

Entrei rapidamente numa loja só pra pegar um postal mesmo, e pra ver uns souvenirs. Mas é nisso que vem um senhor idoso (que de certa forma me lembrava o Barbárvore) me atender. O jeito de falar parecia o de um personagem daqueles de filme de fantasia infantil, tipo o velhinho que dá conselho ao personagem principal (só que o conselho desse daqui eu não recomendo seguir não).

 De onde você é?
 Brasil.
 Aaah! Pelé!
- Hehe *Sorriso amarelo*
Eu, já acostumado com os clichês, já sei soltar a lista dos ícones brasileiros conhecidos.
 Kaká, Robinho, Ronaldo...
Mas o vô estava determinado.
 Pelé!
 Hehe *Sorriso amarelo*
 Peraí que eu já volto.

E nisso vai o velhinho lá atrás numa das salas dentro da loja. Eu tô pensando que ele me vem com algum souvenir de graça, mas que nada. Vem ele com um copinho de vidro daqueles de pinga, com uma água marrom dentro, animado.

 Tome! É ótimo para a saúde! Raki com mel.

Poutz. (Pra quem não viu o post anterior, raki é a cachaça de uva dos gregos). Isso não eram nem nove horas da manhã. Mas o velhinho estava tão animado que eu não pude recusar. Horrível (se bem que o mel pelo menos quebra o pouco o álcool 40 graus do raki). Fui me embora antes que o velhinho quisesse me embebedar mais e eu errasse o ônibus. Dali, mais algumas fotos, e bati perna pra a rodoviária, já suando com o calor parecido com o da Bahia.

Dali foram só 1h no ônibus e eu chegava a Rethymno, uma outra cidade litorânea de Creta, pra passar uns dias com uma amiga e a família (verdadeiros personagens). Mas isso fica pra o post seguinte, com o restante do que descobri em Creta e o café grego. Deixo vocês com o raiar do sol em Chania.
Amanhecer no porto de Chania, na Ilha de Creta.


Pescador no porto ao amanhecer.






Ilha de Creta (Parte 2): Rethymno e almoço em família

Ilha de Creta (Parte 3): Café grego, vistas de Creta, e surpresas na praia


Nenhum comentário:

Postar um comentário