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Esta provavelmente é a cena noturna mais pervertida do mundo. Se durante o dia Bangkok é uma metrópole "normal" do Sudeste Asiático, com seus lindos templos budistas e outras belezas (ver aqui), à noite ela revela um "lado B" bastante diferente, em que as ruas exalam nightlife, sexo e prostituição. Basta o sol se pôr (ou às vezes nem isso), e já surgem os neons e a música eletrônica vinda dos bares. As barraquinhas na calçada, que durante o dia vendem frutas ou souvenirs em geral, então trocam de produtos e passam a oferecer pintos de plástico, viagra e diazepam.
Dei uma palhinha sobre essa vibe já meu post sobre o Réveillon en Bangkok. Vale saber que aquele ambiente não é só na noite da virada, é todo dia. Ou melhor, toda noite, mas estávamos com tanto jet lag (10 horas de diferença de fuso horário) que estar acordados à noite era como o dia pra nós.
Deu pra ver a noite de Bangkok em várias partes da cidade: Sukhumvit (área comercial badalada), a famosa Rua Khao San (famosa entre mochileiros e nos filmes americanos), e outras partes menos turísticas. Falarei também dos sky bars, bares em andares altíssimos com vistas para a cidade, característicos de Bangkok. Seja onde for, sexo é provavelmente a palavra-chave aqui.
Vendedor arrumando as camisetas para vender à noite. No money, no honey ("Sem dinheiro, sem mel", pra você interpretar como quiser...). "Eu sou tímido mas eu tenho um pau grande", diz a outra. |
Camelô noturno no bairro de Sukhumvit. Tem todas as pílulas que você precisar, e umas que eu nem sei o que são. |
E a menos que você seja bissexual, cuidado. Olho atento (e pouca bebida), pois em Bangkok à noite não são apenas os gatos que são todos pardos. Os famosos lady boys — rapazes travestidos de mulher, às vezes trabalhando na prostituição — da Tailândia são mundialmente famosos. Não é raro ouvir em albergues afora rapazes comentando que levaram a flor pra casa e descobriram mais tarde que ela tinha um talo.
Há um clima frenético e empolgante de vida noturna aqui. O lado nocivo disso é o turismo sexual, que aqui ocorre em níveis ainda piores que no Brasil.
Contudo, essa é só parte da história. É muito comum ver tailandesas realmente namorarem os ocidentais, e às vezes casarem-se com eles — sejam rapazes, sejam coroas com o dobro da sua idade. (Eu sei que no Brasil também tem isso, sobretudo depois do Carnaval, mas aqui tem mais. Você vê pelas ruas uma quantidade imensa de tiozões gringos com umas jovens tailandesas gatinhas. Curiosamente, é raríssimo ver o contrário, mulher ocidental com rapaz asiático.)
Amigas minhas do Sudeste Asiático dizem que, sobretudo nos países mais pobres daqui (ex. Tailândia, Filipinas, Vietnã), casar-se com homem ocidental é visto como uma ótima pedida, pois eles em geral têm mais dinheiro e também as tratam melhor (mais carinhosos, mais atenciosos), ao contrário do homem asiático, visto como tipicamente focado demais nos seus próprios afazeres (seja trabalho, seja o video game), comparativamente pouco carinhoso, e tradicionalmente infiel.
As tailandesas, por sua vez, geralmente são belas, recatadas e "do lar", do jeito que muitos homens ocidentais gostam. Então cai a sopa no mel. (Esse comportamento delas, inclusive, é uma boa dica para diferenciá-las dos lady boys, que tendem a ser mais provocantes e a jogarem mais "no ataque". As tailandesas são jeitosas e carismáticas, mas não me pareceram do tipo que toma a iniciativa. Já as travestis... você verá se vier.)
No bairro de Patpong, aí é que você verá mais turismo sexual ainda. Em inglês, chamam também de sexpats os estrangeiros "expatriados" (expats) que vêm em busca de sexo.
Não cheguei a ir nos bares de lá, pois não me interessava, mas fui ver a famosa Rua Khao San, point favorito dos mochileiros na Tailândia. Essa rua já foi tida como o epicentro do mochilão no mundo, principalmente depois de aparecer no filme A Praia (2000), com Leonardo DiCaprio, em que jovens ocidentais em busca de curtição nas praias paradisíacas da Tailândia acabam envolvendo-se com criminosos.
KhaoSan é um pedaço fechado de rua cheio de bares, albergues e barracas de comida, e com a maior concentração de ocidentais por metro quadrado que você verá em Bangkok. Confira o vídeo abaixo.
Na real, é como qualquer rua brasileira em época de festa popular, com vendedores de churrasquinho, bebidas, e coisas Made in China, somadas a uns bares onde gringo pode sentar-se de camiseta em clima tropical e beber sem precisar mostrar a identidade. Ou seja, nada muito diferente do que você acha em qualquer foliazinha na América Latina, só que com música de discoteca. O lado bom é o sabor tailandês disso (que não aparece em nenhum vídeo, e que você tem que comer pra provar e vir pra sentir). O lado não-tão-bom é ser meio que um show armado pra gringo conhecer com segurança as ruas do Terceiro Mundo.
Gringo, que nos Estados Unidos só pode beber legalmente a partir dos 21 anos e nunca na rua, vê isso e fica doido. |
A Rua KhaoSan, com seu jeitão de micareta. |
... já está bastante comercializado e artificial "para turista ver", sobretudo os adolescentes. |
Já o notório Ping Pong Show, pra que me convidaram em KhaoSan e que menciono no vídeo acima, é uma atração famosa de Bangkok. Não está limitada a um só lugar; há vários. Você paga para entrar nuns bares "subterrâneos" onde assiste a shows de mulheres (em geral, prostitutas) que atiram bolinhas de ping pong, dardos e sei lá mais o quê com os músculos da vagina. (Sim, treinamento tântrico lhe permite fazer isso.) Quem não permite é a lei, já que não deixa de ser uma forma de exploração feminina, e muito ligado ao tráfico de mulheres. O público é essencialmente estrangeiro, e a polícia finge que não vê.
Caso você ache que não há nada errado e que "elas são livres", não são. As condições em geral são precárias, por debaixo do pano, sem direitos, e repletas de abusos. Há pesquisa sobre isso, e as condições de vida dessas mulheres não são nada admiráveis. (Se você resolver ir, saiba que será cobrado preços altos pelos drinques, e que seu dinheiro não ficará com elas, mas com os cafetões.)
Eu preferi fazer como os tailandeses, e ir à rua à noite comer. |
A Bangkok noturna, mais autêntica, que os turistas estrangeiros pouco veem. Aquelas mesas ali estão quase todas ocupadas pelos próprios tailandeses. |
Mas não posso ainda fechar o post sem falar dos famosos sky bars de Bangkok, em geral nas coberturas de alguns dos prédios mais altos da cidade. Se você assistiu ao "Se Beber, Não Case 2" ("Ressaca 2" em Portugal, traduzido literalmente do título original Hangover 2), deve ter visto a cena que se passa num deles.
Eles são popularíssimos entre os turistas — e, por essa mesma razão, são caríssimos (40 reais um coquetel), e praticamente não são frequentados pelos tailandeses. É mais uma armadilha pra turista (tourist trap) do que qualquer outra coisa, mas há quem vá para apenas tirar uma foto rapidamente e ir embora. O do filme foi na Lebua State Tower.
Seja aonde for que você vá, verá uma Bangkok noturna animada e com personalidade. Os tailandeses garantem isso. Eu, pessoalmente, optei por misturar-me mais a eles que aos gringos de American Pie e aos sexpats. Mesmo assim, não se deixa jamais de reconhecer a atmosfera empolgante de Bangkok à noite e se deixar contagiar por ela. Daí o que você vai fazer, é com você. Aqui há de tudo, e aqui tudo pode.
Enquanto isso, no que parece ser uma outra galáxia muito distante mas é na verdade bem ali, na mesma cidade, os templos de Bangkok reluzem em dourado à noite. |
Wat Pho à noite. |
O Wat Pho fecha logo nas primeiras horas da noite, mas ainda é possível deleitar-se com ele iluminado. |
E, no clima de Bangkok, e nem os monges escapam. |
uaaaaauu fantaaaastica Bangkok. Belisssima, interessantisssima na sua 'mélange'socio-cultural e mística tão própria.Incrível e inesquecivel país onde o religioso e o profano se misturam de forma muito pessoal e gostosa. A anoite, então maravilhosa. cheia de sons, luzes, cores e com o burburinho da vida que contagia a todos. Bela regiao. Parabéns viajante brasileiro por mais essa postagem gostossissima. Abração. Sucesso ai.
ResponderExcluirParabéns. Estou namorando uma tailandesa e irei em 2017 para lá. Ela já veio aqui e conheceu minha familia. Interessante relato pra quem vai pra lá como eu.
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