Rumo à Bielorrússia, a última ditadura da Europa
Acho que poucas pessoas no Brasil sabem que esse país existe. A Bielorrússia (ou Belarus) fica entre a Polônia e a Rússia, no leste europeu (mapa abaixo), e é considerada a última ditadura da Europa. Aqui é como se a União Soviética nunca tivesse acabado: o país é comunista e autocrático; a KGB (serviço secreto soviético) ainda funciona; e nas praças ainda se vê estrelas soviéticas daquelas com a foice e o martelo, igual nos tempos de Stálin.
Mas deixa eu primeiro explicar eu me meti nessa.
Desde o começo do ano estou me voluntariando numa campanha de justiça ambiental de uma ONG européia. Como essas coisas são novidade nesta parte da Europa, resolvemos vir pra cá pra conhecer. De quebra, é verão, e resolvi juntar o útil ao agradável e curtir um pouco de férias por aqui. Serão 4 semanas nesta viagem: Bielorrússia, Ucrânia, Romênia e Estônia.
As trapalhadas começaram antes mesmo de eu chegar. A Bielorrússia não é parte da União Europeia, e pra pedir o visto bielorrusso é necessário carta-convite de alguém de dentro do país, com informações detalhadas do anfitrião. Minha anfitriã foi uma amiga de uma amiga e que atende pelo apelido de "big bitch" (não estou brincando) e que faz o favor de ter esse nome no e-mail. Agora imaginem a minha cara chegando na embaixada com esse e-mail no formulário. Sorriso amarelo? Nem pensar. Não com esses soviéticos. Pelo que entendi e ouvi falar, nessa cultura da Rússia e países vizinhos você chegar já sorridente é sinal de falsidade. Na Indonésia um sorriso lhe abre portas; aqui ele pode lhe bater a porta na cara. Os (bielo)russos são sérios com estranhos, e normalmente esperam o mesmo de você. (Na verdade, esse povo lhe olha com uma cara de desconfiado e de poucos amigos - às vezes como se estivessem p#tos com a sua cara só de você estar olhando).
Mas no fim das contas, tirei o visto sem problemas e não houve comentários sobre "big bitch". Chegara a hora de voar. Agora eu lhes pergunto: sabem como desembarcar três vezes no mesmo dia, no mesmo aeroporto, sem nunca ter voado? Eu sei. Perdi o voo. Circulei pelo aeroporto de Amsterdã feito bola de ping-pong tentando descobrir outra forma de chegar a Minsk, a capital. (O pessoal no portão de desembarque devia estar achando que estava doido tendo repetidos déjà-vu). Mas ao contrário de Roma, nenhum dos caminhos levava a Minsk. Só restava um jeito: ir de trem.
32 horas de trilho separavam Amsterdã de Minsk, atravessando a Holanda, a Alemanha e a Polônia. Um pouco mais demorado que o previsto, mas me levaria até lá. Sentei junto com um holandês que estava indo a Moscou e um inglês que estava indo até Pequim de trem (!). O holandês teve de saltar fora em Varsóvia (na Polônia) porque não se ligou que o trem atravessava a Bielorrússia e até pra atravessar você precisa de visto. Ficamos eu e o inglês, e começamos a passar tempo com Danili, um menino bielorrusso no trem (a mãe era um charme só).
Com pequeno bielorrusso no trem de Amsterdã a Minsk. |
Apesar de demorado e cansativo, o trem me levou até o país aonde eu queria chegar. O negócio é que ele parou logo depois da fronteira, na cidade de Brest, e eu precisei trocar de trem. Cadê agora saber onde que achava passagem e qual era o trem certo?
Entardecer em Brest, cidade bielorrussa na fronteira com a Polônia. Meu caminho até Minsk. |
A sinalização é toda em russo, que usa o alfabeto cirílico em vez do latino. E aí, dá pra entender aonde você tem que ir? |
Cheguei a Minsk às 3h da manhã. Deu ainda pra pegar a lua no céu, e uma amiga foi me buscar (não, não foi a big bitch, essa eu acabei não conhecendo em pessoa).
Madrugada em Minsk, capital da Bielorrússia, em frente à saída principal da estação de trem. |
A cidade é um charme, e muito mais atraente do que eu imaginava. Imaginei um lugar decadente, feio, acabado. Mas que nada, os prédios principais são super conservados (melhores que na Polônia, Eslováquia e outros locais que visitei), e as ruas são bem largas e boas. Pra quem quer ver com os próprios olhos, confira as fotos abaixo.
Vista da minha janela. |
Praça da Independência (da União Soviética quando esta se partiu em 1991) |
Praça da Independência, Minsk |
Decorações em Minsk com a bandeira rubro-verde da Bielorrússia |
Centro de Minsk. |
Se não me engano, a Praça da Vitória, referente à vitória Soviética frente à Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. |
E falando em soviético, o símbolo aqui se conserva firme e forte. Estação de metrô "Praça de Lênin". Cada estação de Minsk tem uma decoração diferente. |
Por ora eu acho que já dá uma idéia da Bielorrússia. No próximo post eu conto como me instalei por aqui e a viagem de carro que fiz ao interior do país: De Minsk ao interior da Bielorrússia.
AEHuaehuehue, olha aonde você foi parar, Mairon!!
ResponderExcluirTem vídeo seu dançando né? Espero que sim heauheu!
Meu Deus migo!!!
ResponderExcluirSuper dez tua nova viagem!!!
Mas cuidado: você não pesquisa um soviético, ele que pesquisa vc!!! hahahahaha
Beijos e boa sorte!
Oieeee só salvando nos favoritos! :p
ResponderExcluirDepois volto pra comentar certiho
Abs
Da Ucrânia não dá pra dar uma passadinha em Belô amigo?ahahahaha!Linda sua narrativa querido a gente se sente no proprio lugar, porque vc não escreve um livro?bjos com saudades, Deus te abençoe sempre.
ResponderExcluir