Ficamos eu e uma amiga num flat arranjado por uma colega, esperando o resto do grupo que só chegaria uns dias depois. Na Bielorrússia não há albergue nem pousadinha, só hotel caro pra quando vem delegação chinesa ou de algum outro país comunista, ou turista rico. Então o jeito é alugar flat e pagar por diária, meio que por debaixo do pano. Já na primeira manhã, depois da minha primeira dormida lá, a colega me mandou um SMS: "Os caras estão querendo saber quando é que você vai estar em casa pra eles irem aí pegar o pagamento".
A idéia de que (bielo)russos vêm na sua porta cobrar dinheiro não é muito confortável. Eu respondi o SMS, não deu 10 minutos e um careca branco de olho azul já estava na minha porta. Aí você abre a porta com aquela cara séria de "não sou maria-mole mas também não quero encrenca com você" (lembre-se, nada de sorrisos demais aqui). Não vou mentir: o cara foi até gente boa, embora — como todos os outros — continue falando russo mesmo quando está óbvio que você não entende nada.
Depois de rodar por Minsk, alugamos um carro pra conhecer o interior do país e visitar alguns grupos fazendo trabalhos de conscientização ambiental — que aqui é bem precária. O cara que nos alugou o carro era outro careca de olho azul, que nos fez um comentário muito traquilizador: "As chances são altas de ser parado pela polícia rodoviária", disse ele. "E aqui eles quase sempre querem suborno", completou um colega nosso bielorrusso. Maravilha.
Tivemos sorte e a polícia não nos parou. Pelo caminho vimos plantações de trigo, lagos e florestas, e visitamos dois "acampamentos de verão" ambientais, um pra jovens e outro pra crianças e adolescentes. No primeiro conhecemos os jovens fazendo o trabalho ambiental e ficamos pra almoçar. No menu: sopa de grama (não estou brincando), arroz cozido no leite, e peixe.
Casa modesta numa pequena cidade do interior. Na frente um menino brincava com o cachorro e um senhor boa-praça, o dono da casa, nos servia chá preto. |
Lago junto do acampamento que visitamos. |
O grupo da nossa primeira visita. |
Na beira da estrada. Plantações de canola. |
Ateliê de arte ligada ao meio ambiente. |
Bom, eu, é óbvio, não fui à manifestação das quartas-feiras. Visitei mais algumas coisas, mas não demorei a me mandar à Ucrânia, que é mais leve. Trem noturno, com checagem de passaporte (aduana) às 2:30 da manhã. Uma delícia. O trem até razoável; pra quem já andou na Índia e dormiu no chão em trem da Indonésia, esse foi fichinha. A chatice é só ficar duas horas acordado de madrugada pra a checagem de seus papéis na saída da Bielorrúsia e depois na entrada da Ucrânia. Mas, bem, graças a Deus tudo correu bem, e entrei na Ucrânia com sucesso. Histórias a vir desses dias passados em Kiev, a capital.
Legal sua viagem Mairon!
ResponderExcluirNada como um dever dinheiro à um (bielo)russo mal encarado. Mô cara de cena de filme de mafiosos XD
Ah, muito bonita a sua amiga.
(Sim, eu sei quem é XD)
Abraço cara
Com essa demora toda, achei q a KGB já tinha te encestado.
ResponderExcluirEntão realmente plantam canola? Bom saber XD
E acompanho o relator, muito bonita a sua amiga, que eu também sei quem é XD
...Laranja madura na beira da estrada ou tá "bixada" zé, ou tem marimbondo no pé...
ResponderExcluirGrande provérbio da cultura brasileira, diria até, quase uma ideologia, uma filosofia de vida... :P
Que gosto tem a iguaria sopa de capim?
ResponderExcluirE, minha curiosidade despertou, quem é sua amiga bonita que todo mundo sabe quem é?
Eu não sei, mas desconfio alguma coisa do que vem a ser. :) Que frases mais de espionagem retada, tudo debaixo dos panos. hahahaha