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Comida mexicana. Desconhecida por muitos brasileiros, ou conhecida somente em suas versões fast-food americanizadas. Mas o México tem uma cozinha rica, bem temperada, apimentada — e infelizmente pra mim, bastante centrada em carne. Mas eu sobrevivi. Comi chili (pimenta) a valer, ardi a boca e partes outras que eu não vou dizer, e descobri muita coisa saborosa, que comparto agora aqui com vocês.
Foram várias semanas no México comendo muita comida callejera (de rua), vendo tias e tios amassando a massa de milho pra fazer tortillas na hora, e sentindo o cheiro — nem sempre bem vindo — de comida fritando e assando. Contudo, não posso dizer que vi (ou comi) de tudo, pois o México é um país grande, com 31 estados e diferenças regionais. Apesar disso, parece haver uma alma na comida mexicana que é a mesma.
Tudo aqui começa a partir da tortilha (tortilla), uma rodela fina de massa feita a partir de milho (que você pode ver as senhoras fazendo na foto acima). Os indígenas da região domesticaram o milho há mais de 10.000 anos, e a feitura das tortilhas é uma prática quase tão milenar quanto. É tão básico quanto é o pão para os europeus.
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Senhora mexicana com a massa de milho pra fazer tortilhas. Uma vez feitas as rodelas de massa, elas são postas na chapa quente para assar. |
A propósito, eu preciso dizer que os mexicanos adicionam limão e pimenta a tudo, inclusive frutas. Comi côco verde com limão e pimenta (horrível, mata todo o gosto do côco), e quase me aventurei a comer manga com limão e pimenta, mas gosto muito de manga pra cometer tal sacrilégio.
Já o abacate, pra quem não sabe, é comido quase em todo o mundo como se fosse uma verdura: na salada, no sanduíche, com sal, temperos etc. Uma influência mexicana. Quando eu digo aos meus amigos estrangeiros que no Brasil a gente o come como uma fruta, com açúcar ou batido com leite, as pessoas ficam espantadas. Grande parte do mundo o come como fazem aqui no México: com tomates picados e um pouquinho de sal e limão, no que os mexicanos chamam de guacamole.
Acompanhando também está o feijão, que aqui lhe é sempre apresentado como um purê, muitas vezes com queijo branco ralado em cima. O feijão, pra quem não sabe, também é planta nativa das Américas e que os índios já usavam há eras, assim como a pimenta — então percebam o quanto de influência indígena há na culinária mexicana.
Não sei se é pela bandeira, mas aqui no México há quase um capricho estético com as pimentas verde e vermelha à mesa. Sempre me perguntam qual arde mais, mas isso varia muito. Nada melhor que ir alternando. Já o "queijo" cheddar derretido por cima e o ketchup são adições norte-americanas que você pouco verá por aqui — só em fast-foods. ("Queijo" entre aspas porque, como qualquer suíço ou francês vai lhe dizer, cheddar não é queijo, aquilo é uma pasta industrial com corantes e sabores artificiais).
O mais legal são os pratos "divorciados", que vêm metade com molho de pimenta verde e metade com molho de pimenta vermelho. Aí abaixo estão os huevos divorciados. (Da primeira vez eu pensei que é porque separariam a clara da gema).
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Ovos divorciados. |
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Papadzules, enchiladas com ovos e molhos por cima --- aqui sem divórcio. |
A tortilha, como você já deve ter percebido, é a base de tudo. Os burritos são elas enroladas sem molho. As quesadillas são elas dobradas com queijo dentro. E os tacos, que você verá por toda parte na rua, são elas geralmente com carne desfiada e alguns outros acompanhamentos tipo tomate e pimenta. Já as tortas nada tem a ver com bolo; são sanduíches, daqueles com gosto de sanduíche de trailer, que Burger King e McDonald's jamais conseguirão reproduzir.
É uma dureza pra vegetarianos, dos países mais difíceis em que já estive. Uma opção é o nopal, um cacto comestível e com gosto de chuchu, só que mais duro. (Vejam que vida difícil a dos vegetarianos às vezes é). Ele é mais escuro — cor de cacto. É uma outra espécie do mesmo gênero da palma, cacto encontrado na culinária do interior do Nordeste brasileiro. O gosto é o mesmo. (Se você identificar alguma diferença, ou tem um paladar épico ou boa imaginação).
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Nopal cortado com guacamole por cima. |
Como você deve imaginar, aqui no México se come muito de mão. Arroz é acompanhamento ocasional, e em porções pequenas. Mesmo com os pratos principais, é comum vir junto uma cestinha ou vasilha de tortilhas pra você ir montando e comendo, usando o prato principal e os acompanhamentos como recheios. Elas vêm quentinhas e frequentemente envolvidas num pano (da primeira vez ignorei o pano enrolado lá sem ver o que tinha dentro — não cometa esse mesmo erro). Você se acostuma a comer a comida de mão com as tortilhas, e regado a muito limão e pimenta.
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Beringela recheada com queijo, nopal, molho de tomate por cima, arroz, champignon temperado, massa de feijão com um nacho em cima, tortilhas pra pegar, limão e pimentas. |
É, às vezes a vida de vegetariano não é tão difícil.
ai migo que dificil!!!
ResponderExcluireu adoro comida mexicana, em Curitiba tem alguns lugares que tentam manter o real espírito da coisa. Mas para comer uma boa de verdade, só se for feita por uma mexicana!
E abacate não me agrada, nem com doce, nem com salgado. Só para passar no rosto hahahaha
Nossa, que comilanças brabas, ao contrario de você, Vivien, so me agradou o abacate e claro, o milho, haha um pouco as tortillas. Parecem com aquelas entradas do Marrocco que em todo lugar aparecem, só que de trigo e não de milho. Não lembro de já ter comido tortillas mas gosto de milho. Deve ser horrivel esse feijão embora a arrumação dos pratos esteja bonita. Haja carne.Coitados dos animais.No Marrocco havia mais legumes. Não creio que goste da comida mexicana haha mas quero ver o México.
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