sábado, 29 de março de 2014

Arquitetura mourisca e os monumentos de Marrakech: Dar si Said, Madrassa Ben Youssef, e o Palácio da Bahia (sim, fica no Marrocos)

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Em Marrakech, Marrocos.

Arquitetura mourisca. A quem eu estiver falando grego (ou árabe), trata-se da arquitetura clássica dos árabes mouros, aqueles que vieram cá ao norte da África a partir do século VII, mesclaram-se aos povos berberes nativos da região, e daqui se expandiram para Portugal e Espanha. Azulejos, portas decoradas com vidros coloridos, pátios e jardins coloniais... tudo isso é influência deles.

Do árabe também vieram inúmeras palavras hoje usadas no vocabulário em português e espanhol, como açúcar, algodão, camisa, azeitona, álcool, laranja, café... nada disso veio nem do latim e nem do grego, mas do árabe. Também com os árabes vieram os produtos em si, que muitos a Europa desconhecia antes de os árabes a invadirem. (Para os mais curiosos, a expressão "oxalá" vem de inshallah [se Deus quiser], e "olé" vem de Allah, da época em que nem se sabia ainda o que era futebol. O "olé" surgiu nas danças e manifestações artísticas que de tão brilhantes eram vistas como expressão da presença de Deus, e as pessoas gritavam Allah).

Bom, de lá pra cá as civilizações árabes se tornaram pobres, e já não há aquele glamour arquitetônico de outrora, mas muito se preservou. Marrakech guarda ainda algumas belezas de séculos atrás, que valem a pena serem visitadas. Todas custam uma pechincha de, em média, 1 euro, e não há por que não visitar todas.

A Madrassa Ben Youssef é das mais bonitas. Madrassas são escolas islâmicas onde eram ensinadas a alfabetização (em árabe), leitura do alcorão, matemática, lógica, história, etc. Os árabes tiveram dos mais inspirados matemáticos da Idade Média, a vale lembrar que os nossos números foram inventados por eles e pelos indianos. A Madrassa Ben Youssef, aqui em Marrakech, foi a maior do Marrocos. Foi fundada no século XIV em homenagem ao sultão da dinastia almorávida Ali ibnYusuf, que reinou aqui entre 1106 e 1142, e ela funcionou até os anos 1960. Hoje é um museu onde você apreciar a arquitetura.
Pátio principal da Madrassa Ben Youssef, em Marrakech.
Portal de entrada, com a típica arcada mourisca e a decoração nas paredes. Parecido com a sua escola, não é?
Homem escreve o nome da menina em caligrafia árabe.
Detalhe da decoração nas paredes. São em madeira, massa, e outros materiais.
Me sentindo o próprio sultão na madrassa.

Ali perto da madrassa há também o Museu de Marrakech, que apesar do nome é na verdade uma mansão convertida em museu, e que mostra mais da arquitetura típica.
Pátio interno, com fontes dentro de casa... E se você achava que já tinha visto lustre grande, que tal este?

Vamos agora ao outro lado da medina de Marrakech, onde estão o Dar si Said e o Palácio da Bahia (é isso mesmo, eu não estou inventando). O Dar si Said é mais uma mansão convertida em museu, e que tem dos mais belos jardins mouriscos. São meu elemento favorito, essas áreas internas com árvores, água correndo... Aqui havia laranjais. Dá uma paz danada. Vontade de ter em casa.
Dar si Said, Marrakech.
Interiores decorados.
Nos jardins.
Mais interiores decorados no Dar si Said.

E vamos ao Palácio da Bahia onde Jacques Wagner não habita. (Pra quem não sabe, aquele é o mui estimado governador da Bahia, felizmente só até 2014). Bahia em árabe quer dizer brilho, uma denominação natural para nós baianos. Este palácio foi erigido no século XIX por Ahmed ben Moussa, um camareiro-mor que ascendeu a grão-vizir do sultão Moulay [Mulá] Hassan. Quando o sultão morreu, Ahmed se tornou basicamente o regente do reino do Marrocos. Ele tinha aqui quatro esposas e vinte e quatro concubinas. Já quando ele morreu, dizem que foi um pega-pra-capar, com os escravos pilhando tudo o que puderam e as mulheres brigando entre si pelas posses das jóias. De quebra, o sultão seguinte botou todo mundo pra fora e tomou o palácio pra si.
Entrada para o Palácio da Bahia, com palmeiras e laranjeiras.
Pátio interno no palácio.
Portal para os jardins internos.
Teto decorado como o lá de casa.
Portas também como as de lá de casa.

Ainda faltam alguns monumentos de Marrakech, mas esses virão no próximo post. Fiquem na paz de Allah.

terça-feira, 18 de março de 2014

Pra não dizer que não falei dos doces, ou da parte moderna de Marrakech

O pó branco parecendo cocaína é açúcar refinado, e o outro é canela.

Laranja madura, na beira da estrada, aqui nem está bichada e nem há necessariamente marimbondo no pé. Na verdade, fora da medina há ruas belamente decoradas com laranjeiras nas áreas mais modernas de Marrakech. Parece o Brasil, só que todos os prédios têm a mesma cor, e há palmeiras e laranjeiras dando o toque especial. Muitas das laranjas vêm fazer parte dos doces que acabaram ficando de fora do post anterior sobre as comidas no Marrocos.

Como turista, às vezes a gente se apega à parte antiga (turística) e acha que aquilo é a cidade. É assim na Europa e aqui no mundo árabe não é diferente, com as medinas. É o mesmo que estrangeiro achar que o Pelourinho é Salvador, sendo que na prática é uma área aonde os soteropolitanos pouco vão.

Em Marrakech, a parte nova é chamada de Ville Nouvelle ("Cidade Nova"). Ela foi idealizada pelos colonizadores franceses, que fizeram do Marrocos um "protetorado" entre 1912 a 1956, daí o Marrocos ter o francês como principal língua europeia. A área foi se desenvolvendo após a independência (1956) e hoje é point de passeio tanto de turistas quanto de marroquinos de classes média e alta. A medina (que é onde o povão morava) ficou como comércio de baixa-renda e pra turista.  
Ville nouvelle, área mais moderna de Marrakech, com suas laranjeiras na calçada. Mais arrumada que muita cidade brasileira.
Ruas da ville nouvelle.
Como no Brasil, há os ambulantes. Este vendia grão-de-bico cozido, muito popular entre os marroquinos.
Os carros e motos são a mesma loucura que no Brasil, e ninguém pára pra você atravessar.

Caso alguém esteja surpreso de ver a moça ali de preto sem véu, saiba que aqui eles não são muito rígidos com isso. Sobretudo as mais jovens, estão muitas vezes sem véu (embora com os ombros e joelhos sempre cobertos). Acontece muito, por exemplo, de elas estarem às vezes com o véu e às vezes sem véu. As moças que trabalham aqui no albergue, por exemplo, usam véu na rua e aqui dentro tiram. Aí fazem exposição dos seus belos cabelaços castanhos ou negros. Os homens marroquinos, pouco acostumados, não conseguem ver um centímetro de pele exposta que já começam a babar, e se comportam igual a pedreiro de obra.

As mais jovens são também muito mais acessíveis que as já senhoras, que são quase sempre mais tradicionais e de cara fechada. Então acho que há um abismo generacional, parecido com o que se vê no Brasil entre quem foi criado antes dos anos 60 ou depois dos anos 60. (Por exemplo, é improvável que você jamais tenha visto a sua avó vestindo calças). As coisas aqui estão mudando.
Minarete da Mesquita de Koutoubia, perto da medina mas já na parte moderna da cidade. E jovens caminhando na calçada.

Por outro lado, é curioso notar como certas tradições se mantêm independentemente do conservadorismo ou da religião. Por exemplo, eu já havia notado nas viagens à Indonésia e à Turquia que em países muçulmanos é difícil ver cachorro. Não há cachorro, ou são raros. E a razão é que a saliva dos cães é considerada impura (bem, de certa forma é mesmo). Já os gatos estão livres pra circular à vontade, e o que você mais vê na rua é gato vira-lata. Você se depara até umas cenas meio "fortes", tipo filhotinhos de gato partilhando uma cabeça de galinha crua no canto da rua, essas coisas.
Esse é o refeitório do café da manhã. E esse é o gato mais pidão aqui do albergue. Há vários. Esse é aficcionado por manteiga.

Falando em refeitório, eu havia omitido os doces no post anterior. Depois me dei conta. Os doces aqui no Marrocos não são maus. São um pouco "padronizados", no sentido de que quase todos incluem amêndoas (ou nozes, ou afins) moídas e mel em alguma massa. É como leite condensado no Brasil, que vai em quase todos os docinhos, senão todos. Aqui eles são bem doces, então se você é daqueles que não gosta muito de açúcar, vá com calma.
Caixa de docinhos marroquinos.
Marroquina vendendo doces numa banca na praça.
Comendo os famosos cornos de gazela numa bodega hoje de tarde. O nome se deve ao formato curvo. São deliciosos, feitos com amêndoas moídas, açúcar e água de flor de laranjeira na massa. E, ao contrário de boa parte dos outros doces, esse tem pouco açúcar e não é enjoativo.

É também bem comum ter fruta na sobremesa, e acho que é estação de laranjas, então elas estão por toda parte. Vai até bolo de chocolate com laranja em cima e, meu filho, é bom, viu.
Bolo de chocolate com laranja, e rodelas em cima.

Esse aí eu comi ontem no jantar, naquele mesmo refeitório do gato. Tocavam umas músicas Anos 70/80 (tipo Sweet Child O'MineHotel California, etc.), e afora o bolo e as músicas, a minha atenção se dividia entre a simpática garçonete, Khalima, e o dono do albergue, um senhor catalão alto que parecia o Professor Girafales de óculos e cabelos brancos, que estava sentado na mesa ao lado trabalhando no computador calado mas volta e meia soltando um "mierda", que quebrava o meu foco.

E a vida cá no Marrocos segue.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Dia e noite na medina, e a comida no Marrocos

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Minha mãe sempre tirou com a minha cara (literalmente) dizendo que eu tenho nariz semita. Não sou antissemita, mas nunca curti muito a ideia. Seja como for, eu pelo visto passo direitinho por marroquino. Ninguém mexe comigo na medina, ao contrário dos turistas caras-pálidas, que sofrem assédio o tempo todo. Eu outro dia perguntei a uma senhora aqui se era por causa da minha barba, ela disse que não, que era "porque você tem assim uma cara de berbere", disse ela gesticulando e fazendo aquele olhar intenso de quem estava analisando a minha face.

Tá bom, né. Pra quem não sabe, os berberes são os povos nativos aqui das montanhas do norte da África, que já habitavam a região antes da chegada dos árabes no século VII. Hoje há uma mistura, mas ainda há comunidades tradicionais berberes que falam seu próprio idioma e têm seus hábitos próprios, apesar de terem todos se convertido ao Islã.

Pena eu não saber falar árabe. O disfarce se quebra logo que eu abro a boca, já que falo em francês quando quero me comunicar com eles. Ou quando estou em grupo. Outro dia saí com uns brasileiros, um deles um belo-horizontino vestido com a camisa do Atlético Mineiro, e aí foi a festa. Os marroquinos até hoje comemoram a vitória do Raja Casablanca sobre o Atlético no Mundial de Clubes de 2013. A cada segundo alguém gritava "Galo!" e "Chupa, maria!", que eu não sabia mas é a zoação dos atleticanos em cima dos cruzeirenses. Os marroquinos aprenderam direitinho e gritam com gosto mesmo, com aquele sorrisão no rosto (embora provavelmente não façam ideia do que significa). Só quem não gostou foi uma paulista chamada Maria que estava no grupo.

A medina é assim, muvuca o dia inteiro. Circulamos por um mundo de lojas. Os principais produtos aqui são couro, tecidos, lamparinas, tapetes, e óleo de argan, que é uma semente da região cujo óleo está super na moda -- dizem que é bom pro cabelo, pra a pele, e até na comida. E o que não falta é gente querendo te passar gato por lebre. Ontem fui comprar do tal óleo, a tia me jurando que era 100% puro, e no próprio rótulo vinha dizendo que havia óleo de parafina misturado. Só que nem tudo tem rótulo, então prepare-se para vendedor querendo te passar tecido sintético como sendo seda, etc.
Loja de tecidos, e o rapaz com a camisa do galo.

"Isto aqui é algodão com linho!", me dizia ele na maior cara de pau. Além disso, tudo é supostamente feito à mão. Você que seja trouxa de acreditar em tudo que eles dizem. Ontem eu tive que rir na cara do vendedor quando ele quis me vender algo de caxemira, dizendo que era típico daqui, e eu perguntei se não era da Índia. Ele, com uma performance digna de Oscar, me respondeu sério: "Certa vez veio uma indiana aqui. Ela viu, gostou, fotografou -- e nisso ele ia fazendo a cara da suposta indiana -- aí de repente eles começaram a fazer lá na Índia também. Você vê, é como os chineses, que copiaram a tecnologia alemã e agora fazem imitações mais baratas.". Não consegui ficar sem rir, e ele me olhando sério. Queria me cobrar 50 reais num chale que na Europa eu acho, importado, por 30.
Lamparinas mil.
Enfim, tudo aqui é na barganha, e você precisa ficar esperto pra não levar gato por lebre. Só nem perca seu tempo com os quartzos coloridos, que são pintados, e nem com os (esse os meus colegas biólogos vão gostar) fósseis de trilobita, esses sim feitos à mão, porque não são originais nem aqui nem na China.
Supostos fósseis de trilobita à venda, aquelas rodinhas cor de areia. (Pra quem não sabe, os trilobitas eram artrópodes da Era Paleozóica, de antes do surgimento dos dinossauros, e seus fósseis estão à venda aqui assim, é claro). 

Enquanto nos becos da medina o comércio corre solto, na Praça Djemaa El-Fnaa dominam as atrações populares, bem a là circo de rua. É tanto que a praça, apesar de visualmente não ser nada especial, foi tombada pela UNESCO em 2001 como patrimônio imaterial e oral da humanidade.

Pena que não dê pra entender muito, mas você vê tiozinhos contando "causos" e histórias, que segundo dizem são os mesmos há séculos. Há também os encantadores de serpente, músicos, homens vestidos de mulher fazendo dança do ventre, e toda sorte de espetáculo de rua. A praça fica repleta de rodinhas de gente com algo acontecendo.
Tiozinho tocando a corneta, e a naja ali no meio. Havia outras na caixa. Às vezes ele puxava um dos meninos pra chegar perto, mas os meninos não chegavam nem a pau.
Vendedor de óleos, temperos, lagartos de borracha, e sabe-se lá mais o quê.
Povão rumando para a praça já no cair da tarde.

Quando chegaa noite, a muvuca aumenta. Eles montam dezenas de barracas de comida, e sobe aquele fumacê com cheiro de churrasquinho.
Imagine você ali no meio.
Tiozinho limpando o suor da testa, que certamente vai para salgar o frango.
Roda de viola que não é de samba.
Algum jogo de pegar as tampinhas das garrafas com o anzol.
Tiozinho animado servindo caracois cozidos. (Aquilo marrom ali que você está vendo não é amendoim, tolinho).

Mas eu fiquei de falar das comidas daqui. As pessoas ficaram se perguntando o que eu estava comendo naquela foto inicial do post anterior. Aquilo era um figo da Índia, uma fruta roxa do tamanho de um figo, mas com textura de goiaba por dentro (cheia de caroços pequenos no meio da polpa) e meio azeda. Os dentes ficam lindos. Aqui na praça é cheio de carrinhos-de-mão vendendo.
A fruta dá nesse cacto aí, e se come sem a casca. O tiozinho corta com uma navalha e te dá o interior enfiado num palito.

Teve quem pensasse que eu estava comendo kibe. Na verdade, eu não vi nenhum sinal de kibe nem de esfirra por aqui. Se é que essas são mesmo comidas árabes (e não invenções brasileiras), são lá do lado sírio-libanês, no Oriente Médio. Aqui nem sinal. O que muito tem aqui é cuscuz, que no norte da África é feito de semolina (trigo moído) em vez de milho como no Brasil. Você come misturado com caldo e verduras ou carne no almoço.

Além disso, eles servem muito o tajine, que é um cozidão de qualquer coisa na panela de barro. Tem tajine de verdura, de frango, de carne, do que você quiser.
Cuscuz com verduras, e a coca-cola em árabe.
Garçom servindo o tajine. Vem num prato de barro com aquela tampa cônica.
Tajine de legumes, pão (que aqui sempre acompanha as refeições), e suco de laranja, também bastante comum.

O gosto é meio insosso, se você quer que eu seja franco. Tem gosto de verdura fervida no sal, e o tempero passa looooonge. Talvez os de carne sejam mais saborosos. Aqui é típico comer cabeça de carneiro, que vem inteira e é uma iguaria marroquina, mas esses pratos vocês vão ter que descobrir por conta própria.

O que eu peço muito são os grãos. Achei uma birosca perto da praça onde almoço por 4 reais. Há umas lentilhas bem temperadas e feijão branco no caldo. O naipe do lugar faz você se arrepiar, mas até agora não tive dor de barriga.
Birosca onde eu almoço.
Aqui o povão almoça de mão mesmo, mas o tio me dá uma colher ou garfo. Turista passa longe.
Meu cuscuz com feijão de cada dia. Ali no meio do feijão é azeitona.

Aqui todo lugar que se preze te oferecerá, de graça, o chá de menta típico marroquino após o almoço. Foi o que mais gostei em matéria alimentar aqui no Marrocos até agora. O chá é uma mistura de menta fresca com sálvia e jasmin, vem já adoçado e é uma beleza. Não vi pra comprar; eles fazem no dia. E o melhor é que, segundo o hábito, você tem que ir distanciando o bule do copo, e servir igual Cataratas do Iguaçu. Esse tio aí, sem brincadeira, consegue 1 metro de distância. Ele abaixa o copo com a mão esquerda, suspende o bule até onde pode com a mão direita, e não erra. Ainda consigo uma foto.
O chazinho de menta no copo de pinga depois do almoço é tudo de bom.

Já o café, meu filho, esqueça. Café aqui é azedo pra burro, ralo, e às vezes misturado com chicória. Não estou brincando. A ideia é fazer render. Pra quem não sabe, a chicória é uma raiz. Dizem que é bom para a saúde, mas no café fica horrível.

Em termos de bebidas, opte pelo suco de laranja, que aqui você acha por toda parte a 1 real. É fresco, feito na hora, mas servido naquelo copinho de vidro melado, que o cara pega com a mesma mão que recebe o dinheiro. Mas é saboroso. E depois de estar meses na Europa, limitado a suco de laranja pasteurizado de garrafa, esse natural vem a calhar.
Vendedor de suco de laranja fazendo pose.

Por fim, o que você também encontra muito são frutas secas, sobretudo tâmaras e damascos (abricós). São relativamente baratos, mas você precisa procurar bem ou será esfaqueado na praça, onde eles chegam a te cobrar R$70/kg por algumas. Os damascos não diferem muito do que se acha na Europa ou no Brasil. Já as tâmaras secas, incomuns no Brasil, são deliciosas e bem doces.
Tâmaras e damascos secos, de diversos tipos. À direita dos damascos (os amarelos), há também figos.

Os vendedores aqui sempre te chamam quando você passa, e te oferecem pra degustar. Eu, claro, experimentei. Aí já veio ele empolgado se adiantando:

- "Tem essa caixa de 1 kilo, e essa outra de meio kilo, qual você vai querer?".
- "Não não, só tô experimentando, não quero levar agora não".
Aí ele me olhou com aquela cara de "filho da mãe, degustou e não vai comprar".
- "Você é argelino?", me perguntou ele. (Nota: os argelinos e os marroquinos não se dão lá muito bem, e a fronteira até é fechada).
- Não, sou brasileiro. A gente se vê.

E me despedi dele. Aqui se você der corda o vendedor te segura até você comprar.

Eles aqui às vezes ficam p*tos com esse hábito brasileiro de chegar, fazer aquela social, e não levar nada. Quem manda eles acharem que todo turista é trouxa?

Bom, a saga continua. No próximo post falo sobre os monumentos em Marrakech. Há bastante coisa bonita.
Palmeiras na praça à noite, com o minarete da Mesquita de Koutoubia ao fundo.