sábado, 1 de dezembro de 2012

Santorini

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Santorini, a rainha das ilhas gregas

Pense na Grécia. Se você não imaginou ruínas (ou a crise econômica), é bem provável que tenha pensado em casinhas brancas junto ao mar azul. Pois é, isso é Santorini.



Santorini é talvez a mais clássica das ilhas gregas, aquela aonde você não pode deixar de ir. Muita gente pensa que todas as ilhas gregas tem esse jeitinho de casas brancas e telhados azuis, mas não é. São basicamente só as ilhas chamadas Cíclades, um grupo de ilhas que fica entre Atenas e Creta, no Mar Egeu. E Santorini é a "rainha" delas, aquela aonde você vem e gasta todo o cartão de memória da sua máquina. Você vai entender por que.

Quando eu cheguei era dia  saí de manhã cedo de Creta, e cheguei em Santorini a tempo do almoço. Santorini é uma ilha pequena, coisa de uns 15km de norte a sul e somente uns 4km de leste a oeste. No porto já me esperava o Seu Giorgios (Jorge), da pensão onde eu fiquei. Sujeito alegre, de seus 40 e poucos anos. Chegando lá estava, com um balde lavando o chão, a Tia Stella, da mesma faixa. Ela dá nome à pensão.
Pensão Stella, onde fiquei.

Por toda parte só se vê branco. Quase todas as casas são pintadas de branco com detalhes em azul  acho que o governo fornece tinta branca gratuita, hehehe. Karterados, a região da ilha onde fiquei, é menos turística, e por isso mais barata. Mas havia uns restaurantezinhos em conta pra se visitar, embora tudo em Santorini seja mais caro, devido ao turismo (meu recorde foi o suco de laranja que encontrei a 8 euros. Vai um?).

Meu almoço  confesso, não foi assim um banquete  incluiu aquele pão com azeite de oliva e tomate com queijo feta por cima (dakos), mais purê de berinjela temperado, e rolinhos de arroz em folha de videira (pé de uva). Nada mal. Ainda mais sendo que o cara do restaurante resolveu me trazer sobremesa de graça, como cortesia (e funcionou, pois eu voltei pra comer lá durante toda a minha estadia). Um maravilhoso iogurte de cabra com doce dessa frutinha aí preta, que em Portugal eles chamam de amarena ou ginja, e que eu nunca vi no Brasil (é da família da cereja, só que mais azedinha).
Almoço em Santorini. Dakos (pão em crosta, com tomates, azeite e queijo feta por cima) com rolinhos de arroz na folha da videira, salada, e purê de berinjela.
Sobremesa 0800. Iogurte de cabra (MA-RA-VI-LHO-SO) com doce. Iogurte grosso que parece um creme;  você pode virar o prato de cabeça pra baixo que ele não cai. Aí há também o mapa de Santorini virado de lado. A região mais turística fica no meio e no norte, que está aí à direita na foto.

Mas Santorini é mesmo para as paisagens. Algumas pessoas vão à praia, mas aqui as praias são de pedregulhos, e pra quem vem do Brasil não faz muito sentido. Melhor é andar pelas ruelas, entre as casinhas, e avistar o sol dos penhascos (vejam abaixo).

Fui caminhar no primeiro dia até a vila de Fíra, ali pertinho. A brancura com a luz do sol às vezes até lhe dói a vista. E, sim, saia com uma garrafinha de água, caso contrário vai passar ou sede ou o desgosto de ter que desembolsar 3 euros numa.
Uma das muitas portinholas para o mar, do alto de Fira.
Os penhascos de Santorini, com o mar lá embaixo.

E vocês devem estar imaginando como é pra descer lá embaixo, até o porto. Bem, eis o meio de transporte mais tradicional:
Burrinhos lhe levam do alto até o porto e vice-versa; por um custo, é claro.
A escadaria onde os burros andam. E lá embaixo você dá com os burros n'água (não resisti). 

Eu não fui nos burros, pois lá embaixo não há muito o que fazer  é basicamente um bate-e-volta. Além do mais, o bem-estar dos burros não me convenceu, então eu preferi não compactuar com a coisa. Além do mais, é caro e eles fedem pra cacete (num calor desse, com pêlo e sem tomar banho, nós também federíamos).

Preferi ficar no alto de Fira para apreciar as ruas, ruelas, e as vistas, e cada cantinho.
Lojas para turista na cidadezinha de Fira, em Santorini.
Muitas lojas estilo butique, com coisas às vezes melhor de olhar do que de comprar.
E a vista.

O trajeto clássico a se fazer em Santorini é vir a Fira e, daqui, ir a Ía. (Tá bom, não vou fazer trocadilho desta vez). Ía, que fica naquela ponta ali na foto, é de onde as pessoas apreciam o pôr do sol, e dá pra se fazer o caminho a pé margeando os penhascos.

Estava com a minha sandália de couro, que uma amiga belorizontina uma vez chamou de "sandalinha de Jesus pregando no deserto". Não é assim o calçado mais robusto que se pode ter, mas o paveamento nas vilas é tranquilo. É só mesmo o sobe e desce  haja coxa! As mulheres podem vir pra cá na certeza de que sairão daqui saradas da cintura pra baixo.
Pelo caminhos e descaminhos, com o que você se depara mais frequentemente são recém-casados  chineses. Acho que é moda na China se casar em Santorini. Só numa tarde eu vi três. E as asiáticas já têm medo do sol, coitadas, passam um mal bocado aqui.
Foto a caminho de Ía. Com Fira já lá atrás na foto.
As subidas e descidas íngremes de Santorini. Tudo branco.

O problema foi que eu ACHEI que aquela ponta ali era Ía. Não era. Pra se chegar em Ía ainda era preciso contornar umas montanhas. Olha as fotos abaixo.
Caminho a Ía.

Então de repente o caminho ficou assim:
O chão já começou a ficar menos amistoso.
E a ficar assim.
Mas também assim, com a esplendorosa vista.

O negócio é que, não sei se vocês notaram, mas o sol está quase se pondo. Conseguirei eu chegar até Ía? Bom, eu me atrevi. Até porque a essa altura não fazia sentido voltar.
Só que aí a coisa lascou, pois foi ficando assim.
... assim...
E de repente assim.

Eu e minha sandália já estávamos competindo com Paulo pregando pelo deserto nos tempos da Bíblia; pé preto daquele bom de se entrar numa loja de souvenir. E escuro também já estava o arredor. O caminho já tinha virado um mato, Ía ainda lááá na ponta no fim da foto, e aí que você começa com aqueles pensamentos Eita diacho, e se eu tiver que dormir aqui nessas pedras, como é que vai ser? 

Bom, eu persisti.

No final das contas, lá já dentro da noite, eu cheguei em Ía. (Vai, sacana!)
Ruelas de Ía à noite.

Jantei por lá (eu estava la classe, suado e sujo no restaurante, mas faz parte). Como eu sabia, havia um ônibus pra voltar a Fira e redondezas, então peguei ele após dar um bordejo à noite. Falhei em chegar em Ía a tempo de ver o famoso pôr-do-sol de lá, mas no dia seguinte eu estava ali batendo ponto. Não, não caminhei tudo outra vez; o ônibus fazia o sentido reverso também, então foi mais fácil.

Cheguei em Ía durante a tarde, e estava lá junto com centenas de turistas (metade deles chineses) vendo o pôr-do-sol.  Deixo vocês com as imagens, pra entenderem melhor o porquê de eu ter dito que aqui você usa todo o cartão de memória.
Ía.




Uma sacada dessas na sua casa?
Ía
Pôr do sol em Ía.


E dali eu me fui. Santorini: parada obrigatória.

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